Tudo para ela era tão distante. De longe conhecia tudo o possível sobre ele. Sabia quando chegava, quando partia, seus gostos, seus gestos, sua fisionomia. Sabia, mais do que ninguém, o quão enormes eram os intervalos de sua presença. Semanas, até mesmo meses sem aparecer. Quando, finalmente, ela acreditava que não mais o veria, e já até havia tirado-o de mente, pelo menos durante boa parte do tempo, ele aparecia. Um fantasma. Seu fantasma, sua assombração. Nessas horas, seu coração pulava, sua voz mudava. A alegria e ansiedade tomavam conta dela. Não conseguia se concentrar, e por grande parte do próximo intervalo até o seu retorno, isso continuava. Em alguns momentos sentia-se estranha, ridiculamente boba. Mas eram segundos. Mesmo tempo de contato que teve. Segundos. Tempo suficiente para um toque, uma viagem ao seu próprio mundo, onde tudo era diferente. Segundos. Tempo suficiente para o distanciamento do toque, uma viagem de volta ao mundo real, onde tudo era como ela não queria....