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Eu? Ou eu?

Todos dizem que sou louco. Mas eu não acho. Ah, mas eu acho!
Eu nunca fui de acreditar nas pessoas. Elas mentem a todo momento. E falam verdades também. Sabe por que dizem que sou louco? Porque não entendem o que eu digo. Ora, se não entendem, os loucos são eles. Ou eu.
Minha mãe nunca acreditou nessa história de loucura. Ou acreditou? Para ela, o meu problema era outro: dupla personalidade. Mas isso seria possível? Eu nunca acreditei. Pois eu acredito!
Disseram-me que, independentemente de qual fosse o meu problema, eu deveria procurar um médico. Psiquiatra. Eu sou louco? Eu sou! Para que ninguém continuasse falando, fui.
Acreditem: chegando lá, eu até gostei do lugar. Eu não! Tinha até uma cama! Não era cama, era um divã, seu burro!
O doutor chegou. Chamava-se Lucivaldo. Que nome estranho. Eu gostei! Conversa vai, conversa vem. A pergunta derradeira: Você acha que está louco? Sim, doutor, eu estou louco. Mas quem é esse que diz eu estou louco? Sou eu? Ou eu? Ou o senhor? Ele fez uma cara de confuso, chamou uma moça de branco – uma enfermeira, ignorante! – assinou um papel e acompanhou-me até esse quarto. Aqui, ninguém me chama de louco. Por que nunca me apresentaram esse lugar maravilhoso? Porque aqui é um hospício. Ninguém te chama de louco, porque todos o são também. É, depois eu que sou louco.


Texto baseado no microconto “Quem”, de Sérgio Sant’Anna

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